Proposta: A influência social e cultural do Festival de 1967 na esfera pública
- Fabiene Mattos
- 27 de jan. de 2016
- 3 min de leitura
Ao iniciarmos uma análise dos fatos ocorridos em 1967, temos a visão dos festivais como um movimento político, usado como forma de liberdade em se expressar, em meio à censura imposta pelo governo durante a ditadura, devido o ambiente tenso que dominava o país na época. Porém, se tirarmos como base o documentário “Uma Noite em 67”, notamos a intenção mercadológica do evento criado pela TV Record.
Os produtores da TV Record, criavam uma cultura que seria comercializada, pensavam em passar valores à população, vendendo esse produto e não entendiam o que as canções queriam mostrar ao público. Não percebiam como o evento era recebido pela sociedade brasileira, que vivia um momento de guerra política, na repressão de suas ideias e opiniões. Não sabiam que a população não receberia os festivais da mesma forma que pensaram inicialmente, e, sim, como um produto da Indústria Cultural, como forma de mostrar seus interesses em meio ao caos da ditadura. O movimento se expandiu na massa social muito mais do que o esperado, envolvendo – a no clima tenso da política do nosso país.
O festival, transmitido pela mídia e influenciando as relações entre as pessoas, ganhou autonomia, fazendo com que seus produtores/criadores, perdessem o controle, tomando proporções gigantescas. O desinteresse que as pessoas tinham em relação à política começa a se transformar, afinal é a mídia quem impõe, para quem recebe as informações, o que é a verdade, e naquele momento de conflitos, a verdade era que o povo deveria lutar pelos seus direitos como cidadão.
A cultura do país resistiu à ditadura graças à realização desse evento, que se tornou parte da história. Os festivais foram entendidos e absorvidos como arma contra a política.
O movimento escapou ao controle dos meios de comunicação de massa, passou a mediar a relação entre a sociedade e Estado, onde o público tornou-se formador de opinião pública através da sua liberdade de expressão, mascarada pelas músicas criadas pelos artistas da época. O comportamento do público modificou-se, aqueles que estavam estagnados e descrentes de que poderiam interferir no futuro do país passam a mostrar seus interesses de um viver em um país melhor.
A chamada “mídia de esfera pública” transmitia as informações sobre o festival através de jornais, rádio e TV, atraindo a curiosidade do público, levando-o a fazer parte do movimento a fim de reivindicar seus direitos de cidadãos.
O país se encontrava em um processo de transformação social e, com a criação dos festivais, a população era persuadida a se revoltar contra a política.
A burguesia, que controlava (e controla até hoje) os meios de comunicação de massa, impulsiona uma proposta de mudança política, transmitindo informações e modificando as atitudes da sociedade. Aquela população que sofria calada as pressões da política brasileira, passa a ser influenciada pela esfera pública e a imprensa encarregada de levar as informações ao público tem muita importância nesse processo.
A massa passa a ser manipulada pelas ideologias transmitidas através das letras de músicas carregadas de intenções políticas, criadas pelos artistas brasileiros. O novo modelo de reivindicação dos direitos criado nessa época reproduzia-se de tal forma que toda população aderiu ao movimento, o que o fez com que adquirisse mais força.
Esse meio encontrado pela burguesia, que detinha a força sobre a mídia, de mostrar seus poderes contra o governo, influencia no comportamento do povo que antes aceitava as condições políticas por falta de voz ativa.
Os festivais fortaleceram a opinião pública, pois foram usados como ferramenta para desenvolver discursos políticos e deram voz à sociedade manipulada e reprimida, driblando as leis da censura e da ditadura. A política é vista como espetáculo e os desejos de mudança feitos através dos artistas e suas músicas são ouvidos em maior escala.
Disciplina: Teoria da Comunicação II.
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