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Proposta: Artigo sobre a Arte e Cultura

  • Fabiene Mattos
  • 27 de jan. de 2016
  • 7 min de leitura

Cultura e Arte, da rejeição à valorização plena


O mundo atualmente está dominado pela arte e pela cultura, e as encontramos em diversos países. Em cada civilização, a cultura e a arte são vistas de umas formas diferentes, segundo o Franz,

“Arte nasce de reação de mente a uma forma, e tal forma assume um valor estético. Sendo assim, toda a humanidade é portadora desta reação da mente em busca de uma forma que pode vir a assumir um gosto, um prazer estético”.

A partir dessa afirmação entendemos que cada grupo social toma como verdadeiro aquilo que vive e vê no cotidiano e acaba discriminando a cultura do seu próximo, ou seja, existe uma cultura que sempre procura se sobressair à outra.


O Brasil é um exemplo de cultura e arte diversificada, pois cada região tem sua forma de manifestar suas ideologias, usando a música, a religião, a arte, etc. Para explicar o funcionamento dessas percepções, vamos relacionar os conceitos do livro “Antropologia e Arte”, do autor Ronaldo Mathias com três vídeos reproduzidos em sala de aula que abordam aspectos da cultura e da arte.

O primeiro vídeo visto em aula foi o “Sou feia, mas tô na moda”. Esse documentário conta a história do funk, que nasceu no Rio de Janeiro, com intuito de mostrar a realidade através das letras compostas. O funk carioca é conhecido como uma batida envolvente, que faz o seu corpo se mexer de cima até embaixo, sua música revela sexualidade, palavras de alto teor sexual, leva o povo das comunidades à loucura nos shows. Essa arte de compor mostra em suas letras figura sensual da mulher, valorizando esse lado, não deixando de lado à forma que elas gostam de sentir o prazer sexual.


Para algumas pessoas a cultura do funk carioca não é considerada arte, é algo fútil que não se encaixa nos padrões das outras manifestações sociais. Para as culturas de elite, o funk é uma prática de marginais ou delinquentes.

Observamos que as mulheres, cantoras e compositoras de funk, trazem em suas letras razões feministas, ou seja, revelam o valor da mulher para a sociedade machista e preconceituosa, criam um estilo musical novo culturalmente. Como vimos no livro Antropologia e Arte (p.67):

“Diversas sociedades criaram estilos próprios devido a fatores determinados culturalmente e, segundo alguns pesquisadores, também universalmente, motivados pela própria mente humana”. (Ronaldo Mathias)


Assim, entendemos que as letras com alto enfoque na sexualidade são criadas por motivos próprios da mente humana, funcionam como uma forma deseja contra atitudes que afetam os criadores.


No documentário “Sou feia, mas tô na moda”, os protagonistas mostram o quanto preconceito sofrem por serem “favelados” e segundo eles a classe que não mora na favela, diz que quem mora na comunidade não possui cultura e que nem sabem o que é uma cultura. Mas os personagens do vídeo, falam que existe sim uma cultura, na qual eles revelam a própria realidade vivida, por isso é uma manifestação da cultura, dos seus costumes e, além de tudo, é um objeto da arte, pois através das músicas mostram para o mundo quem são, onde e como vivem.


O segundo vídeo, “Do Bugre ao Terena”, traz para as telas a vida dos ameríndios. A aldeia desse povo é conhecida como Terena, mas ao saírem de suas terras passam a ser chamados de Bugre, que dá a conotação de povo selvagem e não civilizado; são chamados de Bugre mas ainda são Terenas. Os jovens dessa tribo perderam a identidade ao serem civilizados, ou seja, passaram a viver em uma sociedade diferente, frequentando as escolas, shoppings, arrumando um emprego, perdendo seus costumes e deixando em segundo plano a sua cultura; assumiram para si um novo estilo de vida, convivendo com uma nova cultura e realidade.


No documentário “Do Bugre ao Terena”, está enfatizado que os mais velhos que vivem nas aldeias, não têm vontade de deixar de lado a cultura indígena, a espiritualidade, a pintura, o modo de se vestir, pois transmitindo-a de geração em geração, a cultura não morre. Contudo, com a industrialização e o novo modo de vida, os jovens saem das aldeias, para viver essa nova realidade, bloqueando essa transmissão e perenidade desses costumes.


Os ameríndios dessa tribo passaram a possuir duas identidades, com isso sofrem muito preconceito, como se o índio, não pudesse ir ao shopping ou ir à escola porque são “diferentes” dos homens brancos. Assim, é visto pelas pessoas criadas na sociedade civil, como se fossem outro tipo de ser humano, mas, na verdade, são seres humanos que vivem de forma distinta e que procura ser inserido nesse mundo consumista, que foi dominada por colonizadores; são obrigados a se adaptar dentro de uma terra que pertenciam a eles mesmos e que foi invadida pelos europeus e agora lutam por empregos.


Ao serem inseridas na sociedade civil, as mulheres indígenas, sentiram a necessidade de ter a sua liberdade e mostrar para os seus pais que a mulher pode trabalhar, sair sozinha, fazer uma faculdade e até mesmo, morar sozinha e ter a sua vida, pois passaram a sentir a necessidade de obter a igualdade em relação aos homens, de serem valorizadas e reconhecidas buscando o mesmo ideal de seus maridos e não querem mais voltar para a aldeia, pois lá se sentem reprimidas. Essas mulheres sofrem com a enorme dificuldade de serem inseridas no mercado de trabalho, pelo preconceito eminente.


Segundo o livro “Antropologia e Arte”, “a ideia compartimentada da vida é algo estranho a muitas sociedades ao redor do mundo” (Ronaldo Mathias). Nesse trecho, tiramos do vídeo o exemplo de que o índio ainda sofre o estranhamento por parte da nossa sociedade, de tal maneira, que ao saírem na rua, ouvem as crianças fazendo barulho com a boca, imitando o que seria um barulho de índio, anunciando essa sensação de estranhamento, pois conhecem eles com cocar, vestimentas estereotipadas pelas escolas e livros. Muitos índios escutam declarações de que o lugar deles é na aldeia e não nas grandes metrópoles. A situação de não-lugar desse grupo é extremamente difícil.


Com a industrialização as pessoas passaram a ser cada vez mais individualistas, pensam somente em si, no próprio ego, mas, os ameríndios, procuram viver em grupo e pensar no coletivo. Ronaldo Mathias, no livro Antropologia e Arte, diz que,

“A importância para a cultura ameríndia é o sentimento coletivo de pertencimento ao grupo. A valorização do coletivo sobre o indivíduo é marcante nas suas produções, reorganizando tudo que se pensa, se faz, se cria, a partir de um sentido grupal”. (Ronaldo Mathias)

A partir desse vídeo constatamos que a identidade dos ameríndios é marcada pelas experiências vividas, e que podemos nos adequar em qualquer lugar, mas a essência daquilo que vivemos ao longo de nossas vidas permanece dentro de nós, nas lembranças. Entendemos então, que a identidade não é algo fixo, está em constante mutação e é inacabada, pois é um processo que vai sendo construído de acordo com as nossas relações sociais. Hoje com a grande demanda de informação que temos, a modificação do mundo e da identidade fica evidente, tornando-se impossível exercer controle sobre as pessoas, o ritmo de mudanças é frenético devido ao contato que temos com diversas realidades.


O terceiro vídeo é “As Estátuas Morrem (1953)”, aborda a cultura africana mostrando esculturas, máscaras. A música de fundo do documentário é bem marcante, podemos perceber que o ritmo representa a África, por batidas duras e fortes. O nome do vídeo revela que as estátuas morrem, ou seja, se perderam no tempo, caíram no esquecimento da sociedade. Isso acontece porque, as pessoas enxergam a arte africana como sendo feio, sem mística, e desconsidera como objeto artístico.


A população ocidental enxerga a arte africana como ligada a manifestações religiosas, objetivadas nas máscaras e esculturas. Para muitos entendedores de arte, acredita-se que a arte negra sai dos padrões conhecidos, assim entende que essa arte é equivocada e apressada, para identificar e defini-la.


A arte africana se diferencia da arte ocidental de tal modo que, quando conhecemos arte na escola, somente nos é ensinado a arte Paleolítico-Neolítico, a arte Egípcia (que faz parte da África), nos revelando em seguida a arte do belo e feio, romantismos, entre outras, deixando completamente de lado, a arte Africana. Segundo o livro Antropologia e Arte, “sobre a arte africana levantada nas primeiras expedições etnográfica juntamente com as missões colonizadoras naquele continente, que retiraram de lá os objetos, artefatos culturais, do cotidiano africano”. O vídeo de fato apresenta a maneira como as esculturas e máscaras foram achadas.

Como essas esculturas foram reveladas aos poucos, entende-se que serviu de inspiração para grandes artistas ocidentais, já que segundo Antropologia e Arte, “sem dúvidas esse precioso material, além de tantos outros extraídos da África colonizada, como máscaras e esculturas, deve ter servido de inspiração formal de Picasso, em sua famosa tela Les Demoiselles D’Avignon (1907), como muito se divulga ainda hoje, é o artista, na sua fina ironia, respondeu quando questionado: ‘Arte negra? Não conheço! ’”. Acreditamos que nesse trecho, quando Picasso é perguntado sobre a sua arte, responde com um ar de preconceito em relação a arte do outro, como se aquilo, fosse algo próprio de uma cultura desconhecida para ele, mesmo tendo uma inspiração, pela qual não quer revelar.


A descoberta da arte negra traz a imagem do ser que vive na situação de luta, caça, religião e espiritualidade, sentimentos vividos, retrata como uma arte primitiva que começa a ser vista, através de expedições antropológicas, como um artefato etnográfico, ou objeto de povos primitivos, sobressaindo de algo desconhecido como arte, como grande descoberta de civilização. No vídeo visto em aula, conhecemos o cenário de utilização dessas obras de arte nos museus, como algo bem desconhecido, feio, estranho, na visão de pessoas ocidentais. Assim, observamos que surgem os estereótipos, aquilo que é formado na cabeça das pessoas que visitam esses museus com peças africanas e para desconstruir essa visão é muito difícil e doloroso.


As estátuas africanas são feitas para os grupos específicos e os museus distanciam elas dos seus significados. Expõe a arte africana de uma maneira que não corresponde à vida delas dentro da cultura negra, como se fossem representações da cultura africana. O museu é o cemitério dessas artes, consequentemente dessas culturas.


Contudo, ressaltamos que ao longo dos anos, essa arte foi reeducando o olhar dos ocidentais, que passaram a ver as obras africanas de outra forma, através da alteridade estética, como a identidade cultural de cada povo. Para que chegue nos museus é necessário fazer uma identificação dessas obras, mostrar as diferenças e o porquê de cada detalhe, assim o livro estudado nos diz que,

“A necessidade de estabelecer essas diferenças não contribui para uma compreensão melhor dessa produção, mas reforça a prática de se criar representações da alteridade, da diferença cultural, pelos estereótipos étnicos do grupo estudado”. (Ronaldo Mathias)

Integrantes: Fabiene Mattos, Ana Carolina Cruz e Denise Cirlei.

Disciplina: Antropologia Cultural.

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