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Proposta: Show de Truman x Estudos Culturais

  • Fabiene Mattos
  • 27 de jan. de 2016
  • 5 min de leitura

“O Show de Truman”

O filme “O Show de Truman”, foi dirigido por Peter Weir. Estreou nos Estados Unidos em 5 de junho de 1998, arrecadando 31 milhões de dólares em seu primeiro fim de semana em exibição. Foi o décimo primeiro filme em arrecadação em 1998. (Wikipédia)


Apesar de não fazer ideia do que vivia, Truman Burbank, um tranquilo corretor de seguros, passou toda sua vida, antes mesmo de seu nascimento, sob as lentes do “Show de Truman”. Milhares de câmeras escondidas transmitem, ao vivo e 24 horas por dia para o mundo inteiro, a vida cotidiana de Truman. Christof, diretor produtor do programa, captura emoções reais, submetendo – o a diversas situações.


A cidade onde Truman vive, Seahaven, é um cenário construído, completo e povoado de atores e por uma grande equipe, permitindo o controle total de todo seu dia-a-dia e até mesmo do clima. Christof criou meios de bloquear sua consciência de exploração, para impedir que Truman descobrisse a falsa realidade a que era submetido. Entre esses meios estão a morte de seu pai em alto-mar, que o levou a ter medo de água, relatos e anúncios sobre os perigos em viajar e a transmissão pela televisão que falavam sobre as vantagens de permanecer em casa. Entretanto, apesar de todo controle, Truman teve comportamentos que não estavam no script, por exemplo, quando se apaixonou por uma figurante, Sylvia, que foi retirada do cenário rapidamente, deixando rastros na mente do homem.


No dia em que Truman completou 30 anos, aconteceram fatos que despertaram nele uma certa desconfiança sobre a sua vida, como um refletor que cai no meio da rua, quase atingindo - o e uma conversa entre membros da produção que interfere a sintonia do rádio de seu carro e descreve o caminho que estava percorrendo naquele momento. Mas o ponto de partida para os questionamentos acontece quando seu pai, supostamente “morto”, aparece vestido de mendigo no trajeto para seu trabalho. Truman começa a perceber que a cidade gira em torno dele e as situações são as mesmas todos os dias.


O casamento começa a passar por problemas, quando Meryl fica desnorteada e estressada tentando dar sequência em seu papel, mesmo com Truman se mostrando cético e hostil. Truman resolve sair da cidade, mas fica preso e sem ação, quando, de repente, acontecem trânsitos, não consegue marcar voo, seu ônibus quebra, até um vazamento nuclear é representado. Christof, retira Meryl do programa e na tentativa de diminuir a vontade de Truman ir embora, traz de volta seu pai. Com a partida de Meryl, o rapaz se isola no porão de sua casa e consegue escapar através de um túnel secreto, forçando, pela primeira vez desde a estreia, à suspenderem a transmissão do reality, causando assim, a vibração por parte de Sylvia e de muitos telespectadores, que torciam por sua liberdade.


Christof ordena que toda a equipe e elenco comecem a procurar Truman pela cidade e como estava a noite, a dificuldade era extrema, obrigando – os a ligarem “o sol” para que as buscas continuassem. Descobrem que Truman conseguiu superar seu medo de água e está velejando em um barco. A transmissão é estabelecida nesse momento e a equipe cria uma grande tempestade afim de virar o barquinho. Mas Truman está determinado e com isso, Christof faz cessar a tempestade.


O barco chega ao final do cenário, bate na parede, perfurando o fundo de céu azul. Truman, assustado, encontra uma escada à sua esquerda que leva à uma porta com uma placa que indicava a saída. Quando alcança a maçaneta da porta, Christof, pelo sistema de som, tenta persuadir o rapaz para ficar em sua cidade cenográfica, dizendo coisas muito ruins sobre o mundo real e que só existiam mentiras fora ali. Truman reflete por um minuto, e diz sua frase marcante: “Caso eu não os veja mais ... um bom dia, boa tarde e boa noite”, se curva em agradecimento ao público e passa pela porta em direção ao mundo real.


Os telespectadores vibram por sua decisão, e Sylvia deixa seu apartamento para ir ao seu encontro. Um executivo da emissora ordena o fim da transmissão. Com o programa chegando ao fim, a população muda de canal procurando outra coisa para assistir e se distrair.


Análise do filme com base nos Estudos Culturais


Em meados de 1998, ocorreu o aparecimento dos reality shows, que passaram a ter recordes de audiência, não só nos Estados Unidos, mas em todo o mundo. Nessa época, a sociedade se entregava à manipulação que criava o pensamento do indivíduo e recriava o imaginário coletivo. O objeto de desejo era ser observado, independente da circunstância, o objetivo era estar no centro das atenções, ou seja, para essa sociedade a exposição da privacidade era um valor.


O filme “O Show de Truman”, através da estética do reality show, retrata com precisão que a vida cotidiana se tornou um espetáculo e problematiza aspectos da vida contemporânea que nos rodeiam e passam a tomar conta de nossas decisões, como manipulação das nossas vontades, mecanização das relações humanas e invasão de privacidade pela tecnologia.


Podemos observar, através do enredo desse filme, o típico americano, modelo fabricado para ser o ideal na manutenção do Estado, identificamos uma sociedade pré-fabricada e prática. Entretanto, apesar desse público moldado, verificamos também que, há uma divergência de atitudes, por exemplo, quando alguns torcem pela liberdade de Truman e outros torcem pelo confinamento, entrando ai a questão da cultura heterogênea, na manifestação divergente de opiniões em grupos diversos de uma mesma sociedade.


O filme mostra como os meios invadem a subjetividade das pessoas e confunde o público com o privado, torna os cidadãos alienados, relaciona a felicidade à posse de bens de consumo. A identidade pessoal se perde e imagens de sucesso e fracasso são forjadas.


Um outro fato apresentado pelo filme, e que define perfeitamente a vida de 1998 até os dias de hoje, é que o controle do espaço humano acaba aperfeiçoando o medo. O pavor da cidade imperfeita, insegura, torna a casa do telespectador mais confortável. Sem deixar transparecer que estão numa prisão, o mundo passa a ser observado pela tela, entretém e atualiza os perigos existentes fora dali. O reality show recria a vida perfeita, a ausência de riscos e o olhar das câmeras passam proteção no cotidiano das cidades.


Podemos concluir que, uma sociedade avançada dispõe de meios para manipular os seres humanos. Através de metáforas apresentadas durante o filme, percebemos que a sociedade é convencida de que vivem uma vida artificial sem perceber, misturam o que é privado com o que é público, o que é real com o que é fictício. Os indivíduos perderam o controle de sua privacidade. O culto às celebridades, o interesse demasiado na vida das outras pessoas, a falta de exclusividade no mundo virtual, tudo isso foge ao nosso controle sem que possamos perceber.


O mundo deixou de dar importância ao autoconhecimento e parou de questionar, aceitando, assim, o que lhe é imposto como verdade. Os espetáculos midiáticos chamados de “reality show” e suas influências na vida cotidiana, são a prova disso desde seu lançamento em meados de 1998.


Disciplina: Teoria da Comunicação II.


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